segunda-feira, 31 de março de 2014

Contação de Histórias

Shirlei Torres
        
Há muitos e muitos anos que a contação de histórias habita o mundo das escolas, mas muitos professores ainda não descobriram o quanto as histórias podem ajudá-los em sua missão de educadores. Muitos utilizam as histórias, quando utilizam, apenas para acalmar os alunos e não vêem as várias possibilidades de uma boa história.
Podemos dizer que o principal objetivo de contar uma história em sala de aula é DIVERTIR, estimulando a imaginação dos alunos. Mas juntamente com este clima de alegria e interesse que a história desperta pode a história atingir outros objetivos, como: educar, instruir, desenvolver a inteligência, ser o ponto de partida para ensinar algum conteúdo programático ou mesmo ser um dos instrumentos para tentar entender o que se passa com os alunos no campo pessoal, pois, muitas vezes, durante a história eles falam do que os está incomodado sem vergonha ou medo, já que se vêem dentro da mesma.
Uma história bem contada pode ajudar o aluno a interessar-se pela aula. Permite, em geral, a auto-identificação, favorecendo a aceitação de situações desagradáveis e ajudando a resolver conflitos. Agrada a todos sem fazer distinção de idade, de classe social, de circunstância de vida.
Quando o professor decide contar uma história é necessário que a escolha com muito cuidado e carinho, pois ela deve ser adequada à faixa etária, ao interesse dos ouvintes, aos objetivos do próprio professor. A escolha da história funciona como uma chave mágica e tem importância decisiva no processo narrativo.
Geralmente, os professores acham que é necessário um talento especial para contar histórias, mas não é. Todo professor tem dentro de si um contador de histórias, apenas precisa encontrá-lo e aprimorá-lo. Para que isto aconteça podem-se levar em consideração, segundo Malba Tahan, algumas características que um bom contador de histórias deve ter: 

1ª - Sentir, ou melhor, viver a história; ter a expressão viva, ardente, sugestiva.
                        A história deve despertar a sensibilidade de quem a conta, sem emoção, não terá sucesso. 
2ª - Narrar com naturalidade, sem afetação.
                        O vocabulário utilizado deve ser adequado ao público ouvinte. Na oralidade é preciso ser mais claro e objetivo, sendo necessário, às vezes, completar as ideias da história. 
3ª - Conhecer com absoluta confiança o enredo.
                        O contador tem que estar seguro sobre o que vai contar, do contrário é melhor não contar. 
4ª - Dominar o interesse do público.
                        Sempre buscar maneiras de fazer com que os ouvintes permaneçam concentrados na história. 
5ª - Contar dramaticamente.
                        O contador pode se passar por algum dos personagens ou por todos. 
6ª - Falar com voz adequada, clara e agradável.
                        Não convém falar em falsete ou impostando a voz, a não ser que seja em momentos específicos para caracterizar um personagem. 
7ª - Ser comedido nos gestos.
                        Se exagerar em gestos sem objetivos, quando fizer um que seja necessário para melhor entender a história, não será notado. 
8ª - Ter espírito inventivo e original.
                        Contar as histórias com suas próprias palavras – contar o que está velho de forma nova. Se a história for de livro deve ser adaptada, pois a linguagem escrita é diferente da oral. 
9ª - Ter estudado a história.
             Não é necessário decorar, mas sim testar diversas possibilidades de exploração oral para contar com espontaneidade.
               Não se apavore com esta lista que Malba Tahan traz, são apenas dicas que funcionam. Assim como estas, deve haver muitas outras para colocar em prática seu lado contador de histórias. Como foi dito antes, todo professor tem um contador dentro de si próprio e pode vir a encontrá-lo através de tentativas práticas e não teóricas, por isso a chave para descobrir é tentando.
Na utilização da contação de histórias em sala de aula todos saem ganhando, seja o aluno, que será instigado a imaginar e criar, seja o professor, que terá uma aula muito mais agradável e produtiva.  
BIBLIOGRAFIA:
SILVA, Maria Betty Coelho. Contar histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1986.
TAHAN, Malba. A arte de ler e de contar histórias. Rio de Janeiro: Conquista, 1957.


Fonte: http://espelhosocial.musicblog.com.br/1581/Contacao-de-historias-em-sala-de-aula/

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